Antes de abordarmos o conteúdo intelectualmente pobre que pode ser encontrado na entrevista dada pela autarca de VRSA ao seu jornal, importa analisar o perfil humano de quem a dá e que será o aspeto mais relevante dessa triste peça jornalística, digna do referido pasquim. A entrevista é pobre, mostra uma autarca sem visão, desprovida de argumentos e se revela uma ginasta, tantas são as cambalhotas que dá.
Mas mais do que a personalidade política, a entrevista revela a pessoa e confessamos que ficámos ainda mais desiludidos com uma personagem que não nos tem merecido grande admiração. Ainda bem que não somo seus amigos e que em nada contribuímos para a sua inesperada ascensão política, designadamente, para a sua escolha para candidata à autarquia. É por isso que imaginamos como se sentirá Luís Gomes, o político que a inventou e transformou em presidente da autarquia. Enfim, acaba por ter o que merece.
Não é a primeira vez que lemos declarações pouco abonatórias para Luís Gomes, mas vindas de quem vinham não reconhecíamos a essas críticas grande qualidade intelectual.
Não porque tenhamos grande consideração pelo anterior presidente da autarquia, mas porque sendo quem foi na promoção da atual presidente haveriam muitas formas de dizer as coisas sem um equivalente a “a culpa é dele”. Além disso é bom recordar que a candidatura autárquica não foi uma candidatura de um clã familiar, não representa o partido dos Cabritas, como às vezes parece. Foi uma candidatura apresentada pelo PSD, patrocinada pelo PSD e apoiada pelo PSD.
A presidente da autarquia não só não hesita em optar por enterrar o seu antecessor, como demonstra uma falta de lealdade com o seu próprio partido a três anos do fim do seu mandato em representação pelo PSD. Ao assacar responsabilidades a Luís Gomes a atual Presidente assume culpas do PSD. Veremos como reage o PSD e, em particular, o presidente da Assembleia Municipal, um deputado do PSD Algarve. Veremos se reagem com um silêncio concordante ou se desse silêncio se percebe alguma cobardia.
A verdade é que a autarca, que nos primeiros tempos de mandato se desfazia em elogios a Luís Gomes, poderia ter sido minimamente solidária e evitar sugerir responsabilidades por parte do seu “pai político”. Mas não, optou por lhe endossar culpas, ainda que quando confrontada com as suas próprias responsabilidades, já tenha sabido contra-argumentar explicando a dívida que ela explica como sendo herdada, uma explicação que, aliás, foi o próprio Luís Gomes a dar em vídeo durante a campanha. Isto é para enterrar o antecessor diz que foi tudo responsabilidade dele, mas para se defender já sabe usar os argumentos do próprio Luís Gomes.
Enfim, se a desilusão em relação ao desempenho à frente da autarquia já era grande, com esta entrevista deixámos de ter grande consideração pela personagem. Uma coisa é certa, é uma amiga que não gostaríamos de ter, porque nas costas dos outros vemos as nossas.