QUEBRAR O CICLO DOS CLÃS



Os municípios existem para estarem próximos dos cidadãos, para os ajudar a resolver os problemas comuns, para lhes criarem condições para produzirem riqueza e assim melhorarem a sua vida e enriquecer o coletivo do concelho, da região e do país. Os municípios pertencem aos cidadãos, devem prestar-lhes contas, abrir-lhes as portas, tratá-los com igualdade.

Os municípios não pertencem a clãs, não existem para servir as clientelas deste ou daquele clã, para enriquecer uns quantos com avenças e compras. Não é aceitável que uns paguem taxas e impostos para que um qualquer líder de um clã decidir quais dos seus e de que forma beneficiarão dessas receitas. Os municípios não são isto e a democracia não é ter de escolher entre clãs, só porque estes assaltaram os partidos, apodrecendo-os por dentro para melhor se servirem do esforço dos seus militantes.

Os problemas de Vila Real de Santo António são demasiados graves para que em vez de discutirmos os problemas tenhamos de andar a escolher entre os Gomes, os Murtas ou os Cabritas. Depois de três décadas que conduzira o concelho a um beco sem saída, depois de anos e anos a ignorar os problemas da terra governando segundo interesses de grupos, está na hora de devolver o município e os partidos aos cidadãos.

Os problemas de Vila Real de Santo António não passam por saber se o Gomes vai ser cantor, assessor, professor, político ou outra coisa qualquer. Não queremos saber se a família da Cabrita come muito atum ou se tem muitos cargos camarários. Não interessa ao concelho saber se o Murta volta a ser autarca com 72 ou com 95.

O que interessa ao concelho é saber como se vai promover o progresso, que sacrifícios deverão ser feitos para reduzir a dívida, ter coragem para cortar onde se deve cortar e investir onde é prioritário. E isso implica nova gente, transparência, honestidade, ética, boa educação, respeito por princípios como o da legalidade e da igualdade.

Acabar com as avenças para amigos e escolher os necessários e melhores, acabar com a opacidade e abrir os arquivos e os processos de decisão aos olhos dos que pagam as taxas e os impostos, acabar com o exercício arrogante. Quem está a gerir o município está a servir todos e não a servir-se ou a servir apenas os amigos. É preciso mudar e para isso dar a vez aos que estão ao serviço do concelho e do seu progresso.

Até aqui a história do concelho é um ciclo imbecil, o Murta criou o Gomes e este “matou” aquele, depois o Gomes criou a São e esta quer matar o Gomes. O nosso problema não é saber qual deles acaba com os outros para termos mais dez anos do mesmo. É preciso mudar os protagonistas.