OS BANDEADOS



Uma das figuras típicas da vida política portuguesa é o vira-casacas, o oportunista que quando muda o puder vira a casaca pelo avesso e apresenta-se como apoiante dos novos senhores. Em Vila Real de Santo António o famigerado Luíz Gomez criou uma personagem ainda mais execrável, o bandeados. Assentou o seu poder em gente que traiu valores e se bandeou para o lado de quem lhe dava dinheiro ou mordomias fáceis.

Tudo começou com o camarada João Rodrigues, conhecido pelo Cigarrinho, que de um dia para o outro se bandeou para o lado do PSD e ainda hoje ganha como nunca imaginou vir a ganhar na vida, servindo primeiro o Luís Gomes e agora, com igual devoção, a família dos Ciprianos. Aliás, o PCP de VRSA sofreu uma verdadeira razia, gente educada nos valores firmes e hirtos do partido, leitores de livros de Cunhal, como “A superioridade moral dos comunistas”, mudaram-se de armas e bagagens para o PPD de Luiz Gomez. Nalguns casos foram mesmo quase famílias inteiras.

Este movimento migratório de bandeados do PCP para o PPD e as relações poéticas entre o PCP e o PSD ou entre os Broas e os Gomez e Ciprianos mereceria um estudo sério pois o agora cantor que usa botinhas brancas só consolidou o seu poder graças ao apoio que recebeu do PCP e mais tarde transformou VRSA numa Little Havana, promovendo a saída de muitas divisas preciosas para um país que estava em sérias dificuldades. Não admira que o Luiz Gomez tenha sido tratado como um herói em Cuba.

Mas o fenómeno dos bandeados não é um exclusivo dos militantes do PCP; recorde-se que foi graças aos votos de deputados municipais eleitos pelo PS, um dos quais um agitado comerciante local, que foi criada a SGU, uma empresa que serviu para arruinar financeiramente o concelho e dar muito dinheiro a uma horda de avençados do regime.

É preciso recordar que Luiz Gomez não é o único responsável pelo estado de ruína a que chegou o nosso concelho, houve muita gente que não se incomodou com a destruição do concelho, mesmo sabendo eu o dinheiro que lhes entrava no bolso representava a pobreza de um concelho, não hesitaram em bandear-se por um bom preço. Hoje são um exército de fãs, uns mantêm-se fiéis ao agora cantor das botinhas brancas, outros voltaram a bandear-se, traindo quem lhes encheu os bolsos para apoiarem os Ciprianos.

Não defendemos a vingança ou a perseguição, como fez e continua a fazer alguns destes bandeados. Mas esperamos que durante décadas sejam apontados a dedo, que a população os identifique como os que não hesitaram em bandear-se, em trair camaradas e amigos a troco de favores e de situações de vantagem. Esperemos que enquanto andarem na nossa terra levem na testa um carimbo virtual idêntico para que todos saibam o que fizeram ou ajudaram a fazer ao concelho.

Aquilo que fizeram aos partidos onde militavam, aos camaradas e amigos com que partilharam lutas, segredos e ideais, aos familiares e conhecidos que neles confiavam e à terra onde nasceram e cresceram foi vergonhoso e não pode nem deve ser esquecido.