Parece que a bazófia do turismo de luxo se ficou por um hotel fantasma cuja lógica do negócio deve ser um grande mistério, mas que certamente será um dia desvendado. A verdade é que o turismo de antes do Luís+São é de qualidade muito inferior ao que nos deixaram. O concelho e, em particular, o de Monte Gordo tende a ser um turismo rasca, senão mesmo chunga.
É uma palhaçada ver gastarem uma fortuna num mono de madeira, só para que o Pires e mais alguns empresários do regime e outros tivessem novos restaurantes mais ao estilo gourmet e transformar a margina da vila de Monte Gordo num misto de Feira do Relógio e de Feira da Praia, chegando-se ao ridículo de alugar parques de estacionamento para instalar carroceis.
A curto prazo há certamente quem ande a ganhar com os “we love Monte Gordo”, para não falar das vantagens eleitorais que se podem conseguir com este tráfico da utilização do espaço público. Mas quem o faz é irresponsável pois ignora premeditadamente o impacto que esta estratégia velhaca vai ter a médio e longo prazo.
No turismo como em qualquer negócio custa muito criar uma marca e Monte Gordo foi construindo a sua desde a construção do Hotel Vasco da Gama. Com o Luís+São essa imagem de marca de qualidade, capaz de atrair alguns segmentos de clientes mais exigentes e com maiores recursos financeiros, foi destruída em meia dúzia de anos.
Há quem diga que um hotel de cinco estrela com três dezenas de camas e quase sempre com as janelas às escuras é a imagem a excelência. A verdade é que é no consumo dos que nos visitam que encontramos o carimbo do poder de compra dos turistas que escolhem VRSA. A verdade é basta uma visita a um qualquer supermercado do concelho para se perceber o padrão de educação e de consumo.
Aliás, de uma forma indireta o pessoal do poder tem reconhecido esta realidade. Quando um vereador municipal se queixa das carrinhas com gente a dormir nos parques da Manta Rota, o desvaloriza os que procuram o concelho, quando é a própria presidente da autarquia que se queixa da educação dos turistas que deixam lixo por todo o lado, estão dizendo o que aqui se diz, que aquilo que esta gestão autárquica promoveu e insiste em promover no nosso concelho é um turismo chunga.
Sobre as consequências económicas desta escolha do turismo chunga escreveremos amanhã. É natural que alguns empresários do fast-food de ocasião estejam radiantes com esta evolução, mas a verdade é que a maioria dos que aqui vivem vão pagar caro o bacalhau à Brás que alguns vendem com fartura.