Há cerca de vinte anos atrás estive na cidade de Quebeque e depois de fumar um cigarro não tive a coragem de dar à beata o destino habitual, o chão estava impecavelmente limpo, optei por guardar a beata para a jogar no primeiro caixote. Acabei por a jogar fora no hotel, já que numa cidade tão visitada por turistas, não encontrei um caixote do lixo. Aliás, nem caixotes, nem contentores, nem lixo em lugar algum. É um padrão de civismo, de higiene e de serviço público.
O que sentirá a presidente da CM de VRSA quando passa pelo pelourinho e vê o chão todo sujo, cheio de manchas de sujidade. Com que vontade de comer um gelado fica quando passa em frente da Trindade Coelho ou da gelataria do Nogueira e se depara com manchas de sujidades que quase tampam os remendos miseráveis nos mosaicos, que ela própria mandou fazer? Imagino que nada disso a deverá incomodar muito pois o pelourinho continua porco e a Rua Teófilo Braga lá levou a sua lavagem, não sabemos se quinzenal, mensal ou semestral. Qualquer responsável da autarquia com um mínimo de competência e valores de higiene mandaria corrigir este tipo de situações na hora.
É evidente que a sujidade pode estar associada a alguma falta de civismo, mas algo está muito errado quando em três concelhos vizinhos apenas um evidencia problemas de higiene e de saúde pública. As queixas no nosso concelho vão muito além do lixo por recolher, há também queixas de infestações de pulgas e baratas e de ratos. E se algum lixo junto dos contentores se explica pela falta de civismo dos residentes ou dos turistas, a verdade é que é evidente que há problemas com a recolha do lixo, a limpeza das ruas e o combate às pragas.
Há desde logo problemas estruturais ao nível do sistema de recolha de lixo, os nossos autarcas poderiam ter recorrido a fundos comunitários para fazer o que está sendo feito na generalidade do país, acabando com os contentores à superfície e adotando a instalação de depósitos subterrâneos. Mas as prioridades para gastar dinheiro foi no espetáculo, nas avenças ao Morais Sarmento e noutros fins, pelo que temos agora um sistema que torna as ruas imundas.
Note-se que para superar o desastre do ano passado a ECOAMBIENTE beneficiou de um aumento brutal na taxa de recolha de resíduos sólidos. Ainda que muitos vila-realenses se queixem com razão do aumento no preço da água, a verdade é que esse aumento esconde um aumento de 23% na taxa de recolha dos resíduos sólidos, algo que nunca foi alvo de qualquer divulgação por parte da autarquia.
Em conclusão, temos um problema de falta de civismo que é igual ao de todos os concelhos e que não explica a situação de crise de higiene e salubridade pública no concelho, apesar do aumento brutal das taxas. É óbvio que as deficiências na recolha do lixo estimula muitos a terem ainda menos civismo. Mas se tudo isto sucede é por incompetência de quem deve limpar, fiscalizar os comportamentos e exigir da ECOAMBIENTE um cumprimento rigoroso do contrato.
É uma pena que a autarquia e a SFU tenha tantos avençados para fazer inutilidades desde coçar o rabo pelas paredes a vigiar os comentários dos cidadãos nas redes sociais e tenha tão pouca gente a limpar o concelho, a lavar o chão das nossas ruas ou a fiscalizar o comportamento dos cidadãos e, em especial, de alguns comerciantes.
As imagens são da Rua Augusta em Lisboa, tiradas por volta das 8h30. Junto das esplanadas o chão está irrepreensivelmente limpo e varrido. Porquê? Porque os comerciantes cumprem com as suas obrigações e não só limpam o que ajudaram a sujar como dão aos clientes uma imagem de higiene e de civismo. Por cá vemos fazer isso em muitos sítios e um bom exemplo é o McDonald’s, nas Hortas. Infelizmente, ainda há gente, inclusive na Rua Teófilo Braga, que em matéria de higiene parece comportar-se como se estivéssemos no tempo das tabernas. Mais um pouco e atiravam serradura e aparas de madeira para ensopar a sujidade.
PS: a sujidade no pelourinho da Praça Marquês de Pombal será falta de civismo das crianças que nos visitam, das nossas crianças ou falta de competência e de valores de higiene de quem tem o gabinete em frente, todos os dias vê isto e não sente qualquer incómodo?
PS: a sujidade no pelourinho da Praça Marquês de Pombal será falta de civismo das crianças que nos visitam, das nossas crianças ou falta de competência e de valores de higiene de quem tem o gabinete em frente, todos os dias vê isto e não sente qualquer incómodo?