Em 2017 a autarquia de Vila Real de Santo António estava literalmente
falida e só não estava insolvente graças à ajuda financeira do PAN. Foi um anos
de gestão irresponsável que deveria ter levado o seu responsável para um
calabouço, senão mesmo aqueles que supostamente deviam controlar a forma como
se gastava dinheiro, como é o caso dos responsáveis pelo FAM, “esses senhores
do FAM” como prefere a São Cabrita.
Mas era ano eleitoral e, coincidência das coincidências, esses
senhores do FAM andaram tão distraídos que um concelho mais falido ainda se deu
ao luxo de fazer uma série de ações irresponsáveis, ações que mais tarde foram
compreensivelmente perdoadas pelo FAM. Compreensivelmente porque ao não terem
feito nada esses senhores do FAM foram coniventes e hoje os vila-realeneses
estão pagando muito caro por essa distração criminosa.
O dinheiro abundou e era tanto que Luís Gomes, agora um
cantor famoso pelas suas botinhas brancas, ainda achou que sobrava para
preparar o seu regresso. A meio do mandato da sucessora, que recebeu a câmara à
consignação, seria lançado o filme “As horas de Luz” onde um autarca que levou
velhotes a Cuba para tratá-los das cataratas seria a figura principal. Para os
mais distraídos o autarca teria despertado a atenção de um realizador de cinema
e seria apresentado como uma espécie de Santinho, a meio caminho entre a N.S. e
a Santinha da Ladeira.
E o filme lá saiu, mas os tempos não correm bem ao cantor
das botinhas brancas, que agora enfrenta um relatório da IGF com advogados
pagos com dinheiro gentilmente cedido pela consignatária da presidência da CM.
Mas o mais grave é que o tal filme foi pagos pelos vila-realenses, os mesmos
que agora pedem os autocarros a Castro Marim, que deixaram de contar com apoios
sociais, que vão para as filas do SNS, que ficam à espera que lhes seja devolvido
o dinheiro dos livros escolares, que compram a água ao preço do vinho e pagam
duas faturas por mês mais as multas oportunistas, que são perseguidos pelas
taxas da ESSE, que são cidadãos de segunda onde as autarquias bem geridas
ajudam os seus munícipes.
Mas como esconder que o filme era pago pelo Luís Gomes sem
que ninguém soubesse da vigarice? Muito simples, fracionando a despesa de modo
a que não aparecesse nada na Base Gov e fosse impossível descobrir a vigarice.
Fracionando a despesa e pagando-a mediante meras requisição, violava-se a lei e
dois anos depois os idiotas de VRSA seriam surpreendidos por uma curta metragem
que glorificava o agora cantor que gosta de botinhas brancas.
E o gabinete de apoio à vereação fez a requisição que alguém
mandou fazer, certamente sem assinar qualquer papel, porque não convém que
subsistam provas destas coisas. De uma golpada o Luís Gomes mandou pegar em
34.000 certinhos e mandou entregar ao pessoal que fez o filme que o iria
glorificar dois anos depois, para lançamento da sua campanha para o regresso à
autarquia que arruinou. Aqui vão as contas:
- O Parrinha foi decorador e recebeu 3.000€
- Catarina cuidou do som e ganhou 5.000€
- O Hugo Azevedo recebeu 7.000€ por conta da fotografia.
- O Jorge Caixinha levou 7.000€ pela produção
- O Paula André foi o assistente do realizador e ganhou 3.000€
- Os atores foram três, a Paula Só, a Anabela Brígida e o José Eduardo, levaram 3.000€ cada um
O homem tem vindo a regressar, mandou o Pires limpar o caminho na rádio do
Mendes, com a ajuda dos ajudantes do costume, mas parece que preferiu ignorar o
filme, provavelmente porque o acha tóxico, tem na sua base uma forma de gastar
dinheiro de forma questionável. Provavelmente foi por isso que não convidaram
esses senhores do FAM para assistirem à estreia da curta metragem, no mínImo
teriam de se sentir uns basbacas, algo que, entretanto, já perceberam que se
arrisca a ter a fama.