
Infelizmente, o combate à pobreza deve ser uma das
prioridades da nossa autarquia. Infelizmente porque décadas depois de um
assistencialismo combinado entre instituições do Estado, a Autarquia e uma ONG
há mais miséria, piro ainda, há cada vez mais miséria no concelho. Mais do que
alimentar os mais desfavorecidos, a receita do assistencialismo alimenta as
ambições políticas dos pequenos caciques locais que encontram nos mais pobres os
recursos humanos ara os seus exércitos partidários.
Isto é uma perversão da democracia e das políticas sociais.
Da democracia porque, como temos visto em VRSA, os votos dos pobres são usados
para que alguns imponham os seus privilégios à população, não hesitando em
conduzir todo um concelho para a ruína. E das políticas sociais porque a coberto
destas em vez de se combater a pobreza está-se a gerir a sua continuação em favor
do enriquecimento de alguns.
O combate à pobreza é uma luta de uma década e enquanto
houver gente marginalizada pela economia é necessário recorrer a ajuda para que
todos tenham um mínimo, pelo que não se pode ignorar a necessidade de
proporcionar essa ajuda. Mas a coberto dessa ajuda podem surgir esquemas menos
claros e quando se tem conhecimento de que as ajudas públicas não chegam aos
que a ela têm direito é preciso intervir.
As ONG e outras instituições de beneficência não devem ser
escrutinadas pelas entidades públicas que gerem os mecanismos de apoios sociais.
Além de serem escrutinadas devem ser apoiadas pela Administração Pública
Nacional e Local com igualdade e isenção. Não é aceitável que em as ONG sejam
espaços de concubinato partidário para que desta forma cheguem mais facilmente
às ajudas públicas e se escapem a quaisquer medidas de controlo, beneficiando
de uma proteção indevida.
É urgente combater a pobreza e isso não se faz com
envelopes, falsos estágios profissionais ou com outros esquemas do assistencialismo
de vocação político-partidária. Combate-se a pobreza promovendo a integração
dos mais pobres no mercado de trabalho, de onde foram arredados por falta de
escolaridade, por não terem onde deixar os filhos e por vezes por não terem
sequer onde morar.
Não basta prometer empregos porque muitos não têm qualificações
mínimas ou quando as têm vão ganhar menos do que o que lhes permite superar o
limiar da pobreza. Não vale a pena virem com ladainhas do progresso económico,
do empreendedorismo, do investimento porque não só tais desideratos não estão ao
alcance de uma pequena autarquia arruinada e gerida por incompetentes, como os
poucos empregos criados são de qualidade questionável, proporcionam baixos
rendimentos e mesmo assim não estão ao alcance dos mais desfavorecidos.