Quase apetece colocar antes do ponto de interrogação um
termo muito típico do Alentejo que uma vez alguém escreveu numa parede, perguntando
pela Barragem do Alqueva. Mas como há tanta gente sensível nos meios do poder,
o melhor é respeitar-lhes a sensibilidade. O desprezo dos ilustres da nossa
terra pelos jovens é tão deprimente que quase nos leva à náusea.
Não porque o discurso dos jovens é mais ou menos bonito,
porque devemos entreter os jovens com desporto e cultura como estratégia de
evitar “maus caminhos”. Também não é pelo discurso banal que muitos políticos usam
nas ocasiões convenientes, para se dizerem preocupados comas gerações futuras e
todas as frases feitas e lugares comuns do costume.
Pensar nos jovens é muito mais do que isso, é apostar na
criação de condições para que sejam superadas as desigualdades sociais se
reproduzam através da multiplicação dessas desigualdades que resultam nas
diferentes condições de acesso a boas soluções educativas ou profissionais. É
corrigir as desigualdades crescentes entre os jovens na hora de aceder às
universidades ou soluções profissionais.
Apostar nos jovens é a única forma de garantir que quando o
deixarem de ser utilizaram as suas capacidades para encontrarem as carreiras profissionais
que estão ao seu alcance. Só desta forma se supera a pobreza, evitando que a pobreza
económica gere pobreza cultural. Falar de empreendedorismo, de fixação de
quadros, de criação de bom emprego ou mesmo de investimento tecnológico é
bazófia, puro oportunismo. Sem uma política para a juventude tudo isso são
mentiras de oportunistas.
O que dá a nossa autarquia aos nossos jovens? A resposta é
simples, dá-lhes um corno e a ponta do outro. Dá-lhes umas latas de tinta para
pintarem umas paredes, dando ares de uma terra feliz, onde os jovens nada levam
enquanto a autarquia gasta o pouco dinheiro que tem nos afilhados do poder.