Um autarca pode contratar um assessor de comunicação social
que recebe 73.800€ brutos num ano, isto é, cerca do dobro daquilo que ganha o
próprio autarca? Temos muitas dúvidas de que possa, mas se não se prova uma
contraprestação em trabalho que o justifique temos fortes suspeitas de que
estamos perante uma situação de ilicitude.
É por isso que ficamos chocados ao percebermos que a São
Cabrita não podia contratar um jardineiro por causa do FAM e agora debaixo das
barbas desse mesmo FAM o de Araújo pode pagar quase 80.000€ para poder contar
com um assessor de imprensa.
Nem o Presidente da República tem um assessor de comunicação
social tão bem pago, pelo que temos muitas dúvidas sobre este processo, motivo
pelo qual está previsto na auditoria que o LDF está a levar a cabo em relação a
alguns processos deste executivo.
Na reunião de 3 de abril de 2023 o de Araújo declarou a
propósito desta contratação duvidosa que:
« Eu Não tenho problema nenhum, tragam aquilo que quiserem,
querem falar da da da empresa de comunicação que foi contratada? Foi
contratada, sim, senhor, foi contratada, tem uma pessoa permanentemente a
colaborar com com o executivo. É verdade, com a Câmara nós temos que promover o
nosso município. Temos sim, Senhor.»
O senhor de Araújo quer que acreditamos que a “empresa” tem
uma pessoa a colaborar permanentemente com o executivo? Só se permanentemente
significa que está disponível para atender os telefonemas, porque essa empresa
não tem empregados e a sua sede é na residência do assessor. E se tem uma
pessoa permanentemente a colaborar porque razão não trabalha nas instalações da
CM?
Bem, se a pessoa está a trabalhar permanentemente e tão
qualificada que merece ganhar o dobro do que ganha o de Araújo certamente o
nosso senhor presidente tem documentos, relatórios ou outras formas de o
comprovar.
É provável que a verdade seja outra e para melhor o
percebermos vejamos a seguinte sequência de acontecimentos:
A 18 de outubro o de Araújo e o Setúbal convocaram uma
conferência de imprensa para divulgar os resultados daquilo que insistem em
designar por “auditoria”.
A 26 de janeiro de 2023 o de Araújo assinou o contrato com o
assessor de comunicação social.
A 20 de fevereiro a TVI divulgou a famosa reportagem em que
todos ficámos espantados ao saber que o de Araújo deu a ganhar 4 milhões de
euros num negócio que suscita muitas dúvidas, comprando os famosos prédios da
Rua de Angola por valores aparentemente absurdos e difíceis de explicar.
A partir do momento em que contratou o assessor de
comunicação social começaram a ser publicados no Jornal de Notícias artigos
supostamente escritos por Álvaro de Araújo. Depois, na sequência da reportagem
da TVI assistimos a uma saraivada de notícias em vários órgãos de comunicação social
direcionados contra o ex-presidente Luís Gomes, que visavam claramente dúvidas
sobre alguns processos antigos. Desde então multiplicaram-se as insinuações de
processos judiciais, inclusivamente por parte do de Araújo.
É mais de óbvia a razão por que o de Araújo contratou um
assessor de comunicação social a peso de outro, até agora só vimos dois
resultados: uma campanha contra o ex-presidente Luís Gomes e artigos do de
Araújo no JN. Isto é, tudo leva a crer que o trabalho do assessor de
comunicação social nada terá que ver com os interesses do concelho, os
resultados aparentes do seu trabalho são apenas dois, a promoção pessoal do de
Araújo e a perseguição social e difamação de um opositor.
Mas, se a auditoria foi concluída em outubro de 2022 só depois
da reportagem da TVI relativa aos prédios começaram a ser lançadas na
comunicação social uma saraivada de notícias contra o eng. Luís Gomes?
É óbvio que o de Araújo tentou divulgar os resultados da sua
auditoria na comunicação social, até esteve com jornalistas antes da sua
divulgação pública. Mas como não teve de sucesso recorre a um assessor de comunicação
social para ter mais sucesso. E quando saiu a entrevista da TVI o homem deverá
ter justificado os 73.800€.
Porquê tanta notícia? A resposta é óbvia, porque o de Araújo
ficou tão incomodado que terá sentido uma necessidade urgente de desviar a
atenção dele, fazendo a que se costuma designar por atirar caca para a ventoinha.
Como uma boa parte dos inquéritos judiciais resultam de notícias é evidente
qual foi o objetivo, atirar a atenção para o Luís Gomes.
O problema é que as autoridades judiciais não são parvas e não
aproveitam apenas as notícias que o de Araújo mandou para os jornais, também
terão visto a reportagem da TVI e nela havia mais do que matéria para encontrar
indícios de ilicitude e, por conseguinte, para abrir um inquérito.
Enfim, um dia destes ainda vão encontra lítio em VRSA porque
o cheiro anda mesmo no ar, como sugeriu o deputado do CHEGA.