TURISMO DE PÉ DESCALÇO


Quando visito o meu amigo António, dono do Martinho da Arcada, um dos mais importantes cafés de Lisboa, que se situa em pleno Terreiro do Paço, e lhe pergunto como vai o negócio, já que a Baixa de Lisboa tem muitos milhares de turistas, a resposta é sempre a mesma, há muita gente mas o negócio é fraco, trata-se de um turismo low cost, que consome pouco e barato.

O meu amigo António prefere os clientes da época baixa, turistas que procuram Lisboa por motivos culturais ou outros e que apresentam um elevado poder de compra.

Quando se diz que um determinado acontecimento atraiu 12 mil pessoas e que isso teve um grande impacto económico só revela o nível de estupidez de políticos que não sabem muito bem o que andam a fazer. Um bom jogo do Farense ou mesmo um jogo de solteiros com casados que envolva o Benfica atrais mais de doze mil pessoas e isso significa que enche hotéis ou gera grandes negócios’

Talvez se vendam umas bifanas e um par de bitoques com ovo a cavalo, acompanhado de minis, até é possível que alguns adeptos mais ricos se instalem em hotéis e façam as suas refeições em restaurantes mais caros, mas sugerir que daqui resulta um grande impacto económico é pura estupidez.

Turistas” que vistam uma localidade num único dia, que almoçam no Pingo Doce e que bebem umas minis compradas no supermercado por serem mais baratas, podem encher uma praia, uma praça ou um passadiço, mas não deixam um tostão, dão mais prejuízo do que lucro. Sugerir que daqui vem progresso e que até justifica o investimento de mais de cem mil euros é quererem-nos tapar os olhos.

No século passado alguns países pobres apostaram no desenvolvimento atraindo investimentos que por motivos ambientais deixaram de ser inviáveis em países em desenvolvimento. É isso que alguns políticos locais estão fazendo, fazendo-nos passar pro parvos.

Organizam-se torneios de rugby que outros concelhos rejeitaram pela forma como trataram as instalações, organizam-se provas em areais onde os mariscadores nem podem usar bicicletas, porque nenhum outro concelho as aceitou. E chamam a isto grandes acontecimentos.

Aquilo a que temos assistido é a um autarca incompetente que quer mostrar serviço a qualquer custo e gasta muitas centenas de milhares de euros numa CM falida para mostrar que faz alguma coisa. Mas a única coisa que faz é afundar ainda mais o município e comprometer o seu futuro, já de si demasiado negro.

Aquilo a que estamos a assistir é a desperdício, incompetência, irresponsabilidade, oportunismo e muita, mas muita estupidez. Estes senhores são mais burros do que um saco de plástico.