A PERVERSÃO DOS APOIOS SOCIAIS


Um dos lados mais perversos dos sistemas de apoio sociais resulta da falsificação dos rendimentos de muitos que recorrem aos mesmos, obtendo casas quase gratuitas e os mais diversos apoios financeiros. Não admira que seja recorrente as imagens de carros de alta cilindrada estacionados em bairros sociais.

Muitas vezes essas imagens são usadas pela extrema-direita para denegrir o Estado Social e, em especial, as medidas de combate à pobreza. Mas, a verdade é que se esse cliché muitas vezes é abusivo, não deixa de ser verdade que existem numerosos abusos.

É fácil usufruir de altos rendimentos sem que estes sejam declarados para efeitos ficais ou de segurança social, pelo que depois são apresentadas declarações de rendimentos para efeitos de apoios sociais, gerando injustiças.

Façamos contas. Consideramos uma família constituída por um casal e um filho em que só um dos pais trabalha e aufere um ordenado líquido de mil e duzentos euros, em termos simplistas o rendimento per capita é de 400 euros. Será maior, se considerarmos os subsídios de férias e de Natal.

Consideremos um casal igualmente com um filho que se dedica ao comércio ambulante e que ganha 3000 euros mensais, mas como nenhum é tributado em sede de IRS e provavelmente apenas um declara meia centena de euros para a Segurança Social, o rendimento per capita considerado para a obtenção de apoios sociais é de 100 euros, quando na verdade o per capita real nessa família se situa nos 833 euros.

Se ambas as famílias concorrerem a uma casa a distribuir no âmbito do PRR pela CM de VRSA quem fica à frente, na lista de prioridades.  Obviamente é a família pobrezinha que tem um rendimento per capita superior ao ordenado médio do concelho segundo dados da PORDATA.

Basta olharmos para o concelho para identificarmos numerosas atividades comerciais e  de serviços onde não é emitida uma única fatura, comércio ambulante, barraquinhas de bebidas, roulottes dos mais diversos tipos, todas estas atividades juntas representam milhões de euros de rendimentos não tributados, que depois não são considerados na hora de dar casas e diversos subsídios.

Valia a pena pensar um pouco sobre isto para se perceber o que se passa na CM de VRSA.