NÃO BASTA DIZER QUE SE É TRANSPARENTE

 


Consta que o autarca não tem perdido uma oportunidade para se afirmar honesto e transparente, só que este comportamento ocorre depois da notícia da TVI, onde se dá conta de uma queixa-crime relativa ao empreendimento do Cine Foz.

Os argumentos do autarca são frágeis e pouco consistentes. Por exemplo, quando numa sessão de câmara se anuncia uma vistoria porque haveriam indícios de estarem a construir mais do que permitido, e uma semana depois, emite-se um comunicado informando que se fez uma vistoria por causa de danos numa casa vizinha, apetece fazer duas perguntas: porque mudou de ideias? Porque fez de conta que não viu as obras.

Quando se afirma transparência apetece perguntar porque nunca respondeu às queixas dos moradores relativas a obras ilegais, sem qualquer licenciamento ou aviso de licenciamento e nada se fez para as parar, apetece perguntar: está com esta transparência opaca a defender os munícipes e os municípios ou os interesses e os lucros da empresa.

Ninguém faz uma queixa-crime de ânimo leve e sem antes se ter alertado o autarca para as eventuais ilegalidades que poderiam estar a ser cometidas. Se o processo sofrer sobressaltos isso não se deve a quem defende a ilegalidade, isso será responsabilidade de quem ignorou a legalidade e de forma intencional ignorou a lei.

Agora, com mais ou menos pressões, com mais ou menos palhaçadas ou com mais ou menos afirmações de honestidade, seguirá o seu curso. Portugal é uma democracia e o Estado assenta no princípio da legalidade, cabendo ao MP a defesa dessa legalidade. Estamos certos de que se algo de ilegal ocorreu a legalidade será resposta e os eventuais prevaricadores serão punidos.

E a propósito de transparência, para quando a resposta a que a lei obriga, às reclamações dos moradores feitas na sequência da consulta ao processo?