O último vídeo do presidente da CM é uma pantominice
absurda.
Não precisava de se armar em grande ministro e ir à
Procuradoria-Geral da República, se pretendia mandar alguma coisa poderia
recorrer ao correio, ir ao Tribunal de VRSA ou ao MP a Faro. Na verdade, fez de
carteiro, chegou à portaria, entregou os papéis e a seguir fez o vídeo.
Não é com esta palhaçada que alguém afirma a inocência no
âmbito de um inquérito, cabe aos procuradores decidirem que investigações devem
fazer, que documentos querem consultar e em que ocasião pretendem fazê-lo. Com
este espalhafato mais do que provar a inocência está dando a ideia de que se
tem receio fazendo-se aquilo a que vulgarmente se designa por “fugir para a frente”
Nesta fuga para a frente tenta desesperadamente transformar
uma questão do foro judicial numa luta partidária, truque em que nenhum
investigador cai. Para a justiça pouco imposta quem faz a queixas, se é um
partido, uma esposa com ciúmes, ou qualquer outra motivação. No inquérito avalia-se
se há matéria para investigar e se existirem indícios de crime investiga-se,
independentemente das motivações do queixoso.
Sugerir que com esta queixa-crime o PSD quer impedir que
haja habitação é ridículo, porque para construir habitação social não é preciso
proferir despachos que podem estar inquinados de ilegalidades, dar milhões de
euros de lucros fáceis a entidades privadas. Da mesma forma, para lançar uma
empreitada numa escola não é necessário publicar falsos concursos, já depois da
obra concluída.
Dura Lex sed lex, esta é o princípio da justiça que vem do
direito romano e cabe à PGR fazer respeitar a legalidade. Toda esta palhaçada em
vez de abonar em favor do Araújo, lança o descrédito e sugere que o autarca
está pelo menos muito incomodado.
Transformar aquilo que é um caso judicial numa luta
partidária com o autarca armado em defensor da habituação social é ignorar que
os seus antecessores, do PS ou do PSD, construíram mais habitação do que ele
construirá.