COMO DIRIA A DONA MILÚ: “MISTÉEEERIO…”



As decisões económicas são racionais, obedecem a uma racionalidade económica que se aprende nos manuais de economia, visam maximizar proveitos ou minimizar custos. Tudo o que signifique aumentar os custos ou perder proveitos não faz sentido e ou é resultado de incompetência no momento d decisão ou merecedor de suspeita.

Tal como as decisões económicas também as políticas são frias e racionais, nenhum político decide com o intuito de perder votos, a não ser que se viva em regime totalitário ou numa qualquer democracia de opereta onde a impunidade seja premiada com maiorias absolutas, algo que só se explica por uma grande invasão de oportunistas.

Quando se vende a exploração das águas a uma entidade externa, antecipando receitas futuras a troco de perdas globais de rendimento há algo de errado, a não ser que alguém acredite que a empresa concessionária pertença a algum benemérito, qualidade que até hoje ninguém viu em Ângelo Correia, o homem poderá ser comendador por muita coisa, mas certamente não o é no capítulo da beneficência.

Quando se vende a troco de nada a exploração do estacionamento, obrigando os cidadãos a pagarem uma taxa que não é mais do que um imposto que será receita de um qualquer astista de Braga, sem que receba nada em troca a anão ser alguma multa em consequência de um descuido, algo está errado. Quando uma empresa explora um concelho, cobra taxas e multas a torto e  a direito e passados quatro anos ainda não pagou um tostão, a irracionalidade política é tanta que ficamos na dúvida se estamos perante um caso do foro da psiquiatria ou da justiça.

Quando uma autarquia falida gasta o pouco que tem, recorre a fundos europeus que usa indevidamente, mete-se num imbróglio jurídico ao tomar posse de um edifício e entrega tudo a um empresário cuja empresa tem sede numa habitação e cujo capital era de 10.000 euros, com o argumento de que vamos ter um grandioso hotel de cinco estrelas com menos camas do que uma  carruagem do Wagonlit até parece que anda à procura de um buraco para se enterrar.

Quando uma autarquia permite que os cidadãos sejam multados a torto e a direito ela ESSE por mau estacionamento ou deixam que as zonas mais nobres do concelho sejam ocupadas por centros comerciais ambulantes que mais parecem bairros de lata, ou ainda quando adota regulamentos de esplanadas que depois não aplicam temos a sensação de que esta forma de tratar os cidadãos como filhos e enteados é um pouco estranha.

Na novela Tieta do Agreste, uma adaptação do romance com o mesmo título de Jorge Amado, sempre que na vila do Agreste sucedia algo que sugeria dúvidas, a Dona Milú, dona da pensão e que tinha a seu cargo a estação dos correios, respondia sempre com um enigmático “mistéeeerio”, expressão que acabou por ser utilizada por toda a população, que dizia “como diria a Dona Milú, mistéeerio”.

Aqui em VRSA também dizemos como a Dona Milú: “Mistéeeerio…”