Na democracia portuguesa foi instituído o dogma da pluralidade dos órgãos de comunicação social, uma falsidade que apenas serve para enganar os cidadãos. É aceitável que hajam jornais e rádios que apoiem governos ou autarcas, compreende-se que tenham tendência política e que defendam aqueles que apoiam por uma questão de afinidades políticas, familiares ou económicas.
Este dogma do pluralismo na comunicação social tem servido apenas para iludir a realidade e para que jornais, rádios ou televisões possam fazer o seu jogo de manipulação da opinião pública, algo que é mais fácil de conseguir sob o disfarce do pluralismo. Não admira que alguns jornais e rádios, quando sentem que estão a perder audiências e credibilidades têm crises repentinas de pluralismo. Os mesmos que perseguiam a ameaçavam os da oposição aparecem, então, a convidá-los para artigos e entrevistas.
Nada na lei obriga os patrões da comunicação social a serem exemplares e todos compreendemos que não é um borra-botas qualquer que tem classe para dirigir uma rádio ou um jornal. Nem toda a gente está à altura ou tem a classe do dono da Impresa e de muitos patrões da comunicação social que Portugal conheceu durante a ditadura.
Apesar do poder da comunicação social nada na lei portuguesa impede, por exemplo, que os patrões da comunicação social sejam donos de empresas que vivem de negócios com o Estado. É neste quadro de conflitos de interesses que devemos escrutinar a orientação redatorial de muitos órgãos de comunicação social.
Durante mais de uma década a voz da oposição foi abafada em VRSA, algo que hoje já não sucede porque as redes sociais têm hoje mais capacidade de disseminar ideias e posições do que os confrades da comunicação social. Dantes a oposição pedinchava junto da comunicação social, agora tem condições para a tratar com o pelo do próprio cão.
A melhor resposta â comunicação social do regime é um boicote total, não ler, não assinar, não citar e não comprar a quem lhes paga publicidade. Uma boa comunicação social mentirosa e manipuladora é a que está falida e por isso não pode provocar mais prejuízos ao concelho e à democracia.