HAJA DIGNIDADE!



O Estado, seja o governo, um governo regional, uma câmara municipal ou uma junta de freguesia não é nem pode ser gerido como uma mera associação recreativa, daí a expressão "ter sentido de Estado". Não admira que mesmo em situações de catástrofes, como a que estamos a assistir em Moçambique, os governos comportam-se com dignidade, apesar de a situação difícil parecer aconselhar a que sejam feitos pedidos de ajuda dramáticos.

Vila Real de Santo António foi construída sob o signo da grandeza, foi uma afirmação de dignidade e de soberania na fronteira com o país vizinho e a isso devemos a qualidade da sua marginal e de alguns dos seus edifícios. Não admira que ao longo dos seus já mais de dois séculos de história a nossa terra sempre teve orgulho, nunca nos tendo passado pela cabeça, nem mesmo nas fases mais difíceis termos de mendigar para que alguém pagasse umas iluminações de Natal que roçaram o miserável, ou um fogo de artifício que pareceu uma brincadeira de crianças com fósforos coloridos.

A basófia mostra até que ponto políticos como os que lideram a autarquia parece sofrerem de bipolaridade política, dantes estavam eufóricos com a riqueza que jorrava para alimentar a iniciativas de um concelho que andou a fazer de rico, agora fazem peditórios para algum empresário amigo, talvez algum que tenham enriquecido com adjudicações diretas dê uma esmolinha à nossa terra.

O ridículo atingiu o seu máximo em Monte Gordo, primeiro íamos ter uma ~marginal maravilhoisa, tão maravilhosa que não se perdeu tempo a destruir tudo, como se o antigo jardim envergonhasse autarcas tão ricos e finos. Depois foi o que se viu, as obras começaram por se atrasar e como se a incompetência na gestão de projetos não bastasse, percebe-se agora que iniciaram uma obra sem licença. Agora não têm dinheiro para continuar, para recuperar e nem mesmo para destruir o que construíram ilegalmente.

Ao que consta tem havido uma pedincha e há quem diga que é uma empresa ligada ao jogo que vai pagar a reparação das asneiras da Agora é São, que parece ser mais um Agora é Asneira, diz-se até que há 150.000€. Só que a Solverde não é não é propriamente uma espécie de Mão Amiga para autarcas tesos e incompetentes, é uma empresa que visa os lucros e que dá contrapartidas.

É lamentável que depois de tanta incompetência e irresponsabilidade um concelho com orgulho na sua história ande agora a pedinchar aos empresários a quem no passado fazia exigências ou com negociava sem dever favores a ninguém. É o preço que os vila-realenses estão a pagar por mais de 13 anos de Luís, São, Barros, Romão e outras figuras menores da autarquia ou que se andam a exibir por aí.

Além do mais estas doações quase anónimas cheira a ilegalidade já que tudo o que um município gasta tem de constar no orçamento aprovado pelos órgãos da autarquia, o mesmo sucedendo com todas as suas receitas, assim sendo estas doações não passam de manobras financeiras obscuras e à margem do orçamento. Quem pode oferecer, em que termos oferece, que contrapartidas são oferecidas, quem fatura e que tratamento fiscal terão estas doações?