NOITES DE (DES)ENCANTO



Estávamos em 2017, a poucos dias das eleições autárquicas, o Pedro Pires ainda era poderoso e a candidata do "Agora é São" não podia faltar às noites de encanto e lá estava envergando a sua habitual túnica branca, uma espécie de farda ao estilo de Mao. Já não havia dinheiro, mas o FAM fez vista grossa e permitiu que o descalabro financeiro fosse ainda mais longe, numa ajuda clara à candidatura dos que arruinara~m a autarquia.

Mas os tempos são outros, os rapazolas do FAM já perceberam onde estão metidos, a autarquia está ainda mais enterrada do que já estava e por todo o lado vemos obras empechdas, repuxos arruinados, instituições a desmoronarem-se. Quando está em causa manter as aparências ou simular um bodo para os pobres, ainda aparecem uns "empresários amigos do regime" a organizar peditórios. 

Mas Cacela não é Monte Gordo e ainda por cima os cacelenses ousara não votar nas escolhas da São, num gesto de "desobediência" que não ficou esquecido. Ao contrário do que sucedeu com a passagem do ano, desta vez a autarca não se empenhou em peditórios, ninguém telefonou a empresários sugerindo que "entrassem" com as despesas. Não há dinheiro e "prontsh".

Se ao menos aquilo em Calea fosse a inauguração de uma qualquer pensão de cinco estrelas, uma jantarada de barriga de atum à moda de Ayamonte ou uma qualquer procissão de uma padroeira de que a autarca fosse devota... Mas não. aqueles mafarricos de Cacela limitavam-se a organizar a melhor das iniciativas culturais do concelho, um acontecimento cultural sem igual no Algarve e que era destino obrigatório dos turistas.

Compreende-se a decisão da autarca, afinal de contas o que atrai os turistas de luxo do hotel de 5 estrelas não são as noites de encanto de Cacela, porque essas sãoi proporcionadas pelo peschibeque do cinco estrela, o que atrai os truristas de luxo a Vila Real de Santo António é a possibilidade de fazerem compras no grande centro comercial do apeadeiro ou as sandes de courato dos barbecues feitos no passeio do Mercado Municipal. Isso sim, é a cultura genuína desta gente que nos governa.

Esperemos que o concelho~de Vila Real de Santo António consiga sobreviver a esta espécie de "invasão dos bárbaros" de que está a ser vítima e que ninguém se lembre de integrar o concelho no de Castro Marim, entregando o enclave de Cacela a Tavira, onde certamente se respira mais progresso e democracia do que por estas bandas.




PS: O dinheiro é pouco mas ainda há algum para gastar ou desbaratar, a gestão consiste em fazer opções. Entre apoiar a cultura no concelho e, em particular, na sua mais antiga terra, Cacela Velha, ou pagar a um rapaz para ajudar a autarca a tratar da sua imagem qual foi a opção?

Não há dinheiro para a Casa do Avô, para as Encantadas, para o Carnaval. Mas abunda para o Hotelç Guadiana e para os muitos Tiagos que vivem à custa da autarquia. É uma questão de opções