PEDITÓRIOS



Tem o seu quê de muito irónico ver os mesmos autarcas que respiravam fartura de dinheiro terem agora de recorrer às mãos amigas para instalar umas iluminações de Natal que roçaram o ridículo. Não é normal ver as funções de uma autarquia serem financiadas por peditórios e talvez por isso não existam regras.

No caso do peditório das iluminações de Natal, que foi apresentado como uma iniciativa de um “grupo de empresários” nada se sabe, ao contrário do que sucedeu com um vitral da igreja cujos mecenas assumiram publicamente a doação. Não se compreende, nem é aceitável que estes tipos de operações financeiras não sejam públicas, para que possam ser escrutinadas pelos cidadãos.

Foram ofertas desinteressadas, não há conflitos de interesses, os doadores não têm negócios com a autarquia, foi uma iniciativa espontânea dos doadores ou estes foram “convidados” a fazer doações, foram empresários voluntariosos a fazer os convites ou foram responsáveis políticos a fazerem os telefonemas, as doações foram registadas contabilisticamente enquanto tal ou as despesas foram faturadas diretamente em nome das empresas, se houve um fundo quem criou a conta e geriu o fundo?

Consta que também no jardim de Monte Gordo, destruído por iniciativa da autarca, também vai recorrer-se ao expediente da doação, algo estranho já que em recente reunião do executivo camarário a autarca assegurou que as obras de recuperação do jardim teriam início em março e que apenas se aguardavam os trâmites burocráticos da adjudicação.

Sucede essa adjudicação não aparece em lado nenhum, designadamente na Base Gov, o que dá força ao boato da tentativa de endossar a obra a mais um ou vários doadores. Se assim é mais uma vez tudo parece decorrer em segredo e no fim aparece a obra feitas por obra e graça do Espírito Santo. Mas uma obra pública tem regras e nenhuma empresa privada pode por sua iniciativa desatar a fazer obras públicas.

Compreende-se que os que arruinaram o concelho se tentem salvar da desgraça promovendo agora uma espécie de Mão Amiga para ajudar a autarquia. Mas o fato de ser uma mão amiga a dar o dinheiro isso não significa que tudo possa ser feito em segredo, como se essa mão amiga fosse uma empresa secreta e não se tenha direito a saber o que se negociou.

O fato destas mãos amigas serem privadas isso não permite que os negócios sejam secretos, estando em causa relações com o Estado tudo isto deve ser transparente e do conhecimento dos cidadãos.