Nestes dias Vila Real de Santo António faz lembrar um exercício com peças de dominó, durante uma década gente como a São Cabrita, o cARLOS Barros, o Luís Gomes e outros montaram uma gigantesca Vila Real de Santo António com peças de dominó. Era o melhor concelho para os velhotes, para as famílias, para os estudantes, o dia da mulher era celebrado durante uma semana, o Carnaval era dos mais ricos, as passagens de ano tinham fogo de artifício que quase se via em Marrocos.
Era obra por todos os lados, os projetos eram do mais grandioso, quem tivesse visto o que se imaginava para a terra numa feira de imobiliário onde o Luís Gomes se apresentou com projetos de arquitetura que custaram quase 200.000 euros pensaria que ia ser construída uma nova Dubai na foz do Guadiana. Havia uma nova burguesia rica e feliz, o dinheiro jorrava das mais diversas formas, ajudas de custo, horas extraordinárias, encomendas para as empresas do radialista, aluguer de pensões para os novos habitantes, os sinais de fartura estavam por todo o lado.
Agora que tudo estava montado parece ter bastado derrubar uma peça par que estejamos a assistir ao desmoronar de tudo o que foi construído, no concelho que todos invejavam pela exibição de riqueza e de felicidade sugere-se agora aos estudantes que se querem um autocarro emprestado que o peçam em Castro Marim. O que não é nada de novo pois desde que a autarquia poupou no aquecimento da água da piscina são muitos os que optaram pelas piscinas do concelho vizinho.
A Casa da Alfândega, recuperada com fundos comunitárias está fechada apesar de ter sido alugada ao Grand House para uso hoteleiro, a Casa do Avô foi encerrada, as piscinas fecham por falta de nadador-salvador, o que era o jardim da marginal de Monte Gordo foi destruído e nem se deram ao trabalho de esconder aquela vergonha com tapumes dignos de uma das melhores praias da Europa, as obras da marginal parecem estar embargadas, o grandioso hotel da muralha desapareceu dos projetos. Ainda estamos em março e com medidas adotadas para salvar o lugar da presidente já parece que estamos na VRSA dos anos 60.
Só que nos anos 60 tínhamos um dos melhores corsos carnavalescos do país, a Rua Teófilo Braga era um ex-libris de que todos tínhamos orgulho, a rua estava limpinha, incluindo em frente dos cafés que vendiam gelados, como os do Firmo de que todos temos saudades. A marginal de Monte Gordo era fotografada para produzir postais, a terra tinha orgulho por uma das mais limpas do país, senão mesmo a mais limpa.
Agora tudo está a ruir e por detrás da bazófia e das produções de videoclips de música pimba com cavalos a aliviar a tripa e crianças da catequese, só vemos ruínas, tudo desmoronado, como se tivéssemos sido vítimas de uma invasão dos bárbaros.