Incomodada com as notícias que divulgavam as conclusões de um relatório do Conselho de Finanças Públicas (CFP), onde se denunciava o estado calamitoso da situação financeira do Município, que aparece no grupo dos quatro que estão em estado de coma financeiro, a São Cabrita mandou um comunicado para a Lusa, onde acenava com o último relatório do FAM; relativo a 3.º trimestre de 2018, um relatório que tencionamos comentar no princípio da próxima semana.
A autarca não parece ter percebido a diferença de critérios que são seguidos na escolha dos membros do Conselho de Finanças Públicas com os adotados na nomeação “desses senhores do FAM”, para usar a forma como a São se refere a “essa gente”. Mas, se os critérios de escolha são bem diferentes, parece que quanto a rigor, a competência e a transparência quando se passa da leitura dos relatórios do CFP para a leitura do citado relatório do FAM fica-se com a mesma sensação na garganta que temos quando passamos de um tinto “Barca Velha” a um qualquer "vinho a martelo".
A São refere várias vezes alguns dados do relatório do FAM para sugerir que o CFP não tem razão, usando o estilo habitual chega mesmo a lançar a suspeita sobre os dados usados pelo CFP, declarando que "Desconhecemos quais os critérios em que se baseou o Conselho de Finanças Públicas para esta classificação do município de Vila Real de Santo António”. MAs refere um relatório que os jornalistas desconhecem...
E acrescenta que "os mais recentes dados do relatório do Fundo de Apoio Municipal (FAM), relativos ao primeiro, segundo e terceiro trimestres de 2018, confirmam, aliás, que estão a ser tomadas medidas corretivas para travar a evolução da dívida do município de Vila Real de Santo António desde 2017, apontando mesmo uma redução da despesa em cerca de 20 por cento".
Só que o referido relatório ainda não é do domínio público e por isso os jornalistas ainda não o leram. Se o lessem ficariam a saber que a autarquia está falida e que a redução do endividamento que a autarca refere representa uma gota de água na imensa onda onde a sua equipa afogou a nossa terra. Se os jornalistas lessem o relatório teriam a oportunidade de saber que:
“O rácio da dívida do município situa-se em 373,5%, tendo-se verificado um decréscimo de 3,2%, face a dezembro de 2017”
Mesmo assim este valor do FAM é “martelado”, e se a dívida contemplasse toda aquela a autarquia mandou esconder debaixo dos tapetes dos tribunais este rácio seria ainda mais desastroso. O simples fato de a autarquia ter recorrido ao FAM é um indicador de que se estava a afogar. A autorização do FAM para rever o PAM (Plano de Assistência Municipal) é a prova de que apesar de toda a ajuda recebida no âmbito do PAEL e do FAM acabou por se afogar, tudo por culpa de incompetentes que mesmo sabendo que estavam falidos não mudaram de hábitos.