FAZEMOS NOSSO O ARTIGO DE JOÃO CALDEIRA ROMÃO



Agora que o Jornal do Algarve parece ser o órgão oficial do grão mestre do atum enlatado vale a pena viajar pelo seu passado, um passado que honrou o jornalismo e de que temos boa memória. Foi nessa deambulação pela vida política p+assada que demos com um notável artigo de opinião de agosto de 2006, da autoria de João Caldeira Romão, o então líder local do PS, num tempo em que o vice-presidente da equipa da São Cabrita já era um rapaz crescidinho com 34 anos.

Talvez não pelo mesmo autor, militante do PS com as quotas em dia, mas a verdade é que muito do que o antigo líder escrevia poderia ter ser escrito agora e se tivermos em consideração os putativos candidatos que vão aparecendo pelas fotografias promocionais, é bem provável que permaneça atual depois das próximas autárquicas.

Recomendamos a sua leitura ao filho e aos putativos candidatos nas próximas autárquicos, quer os dos tons rosa como os das manchas vermelhas, ainda que agora haja já algumas misturas de vermelho e de rosa com o cor-de laranja, num verdadeiro arco-íris da miscigenação política local. Enfim, numa terra onde há quem defenda que o sol se põe do lado da Isla Cristina não admira que tenhamos uma arco-íris com as misturas do rosa, do vermelho e do cor-de-laranja....



"O EFEITO LARANJA

Por vezes com tons rosa e até mesmo com manchas vermelhas, o efeito laranja aí está!

Caracteriza-se por expressar de certo modelo uma forma mais elaborada de populismo, uma espécie de neo-populismo que já não se limita a iludir as pessoas dando-lhes aquilo que as levam a considerar que são os seus desejos e necessidades fundamentais, mas fazem-no em nome dos mais carenciados e com um discurso de convencimento pseudo humanitário e social.

Para os seus ideólogos, as pessoas constituem uma massa de qualificação relativa e portanto em vez de se promover a sua efectiva participação nos processos de construção e tomadas de decisão para a resolução dos problemas que lhes dizem respeito, reservam-lhes apenas a aplicação de alguns mecanismos de uma democracia representativa.

Entretanto é necessário mantê-las satisfeitas e tranquilas não vá o “diabo” tecê-las.

É pois em nome da vontade do povo e de mais justiça social que após anunciar a crise económica e a existência de grandes dívidas, se organizam os grandes eventos, as grandes festas, os granes banquetes, se adquirem novas viaturas para os novos dirigentes, se contratualizam serviços a empresas preferenciais numa vertigem privatizadora, se aumentam as despesas nos correspondentes orçamentos, etc..

Tudo isto porque o que está subjacente são os interesses de uma política economicista protagonizada pelos autores de sempre, os que beneficiavam das políticas anteriores e que por razões muito identificadas, passaram a apoiar e promover o novo poder.

A verdade é que continuamos a caminhar para uma sociedade cada vez mais marcada pelo aumento do tráfico de influências, pelo acesso à informação privilegiada e aos órgãos de poder.

E se a história nos ajuda a entender que podem existir populismos de esquerda ou de direita, já temos algumas dificuldades em aceitar que forças políticas identificadas com uma ideologia comunista possam servir de “muleta” a opções neo-liberais de natureza capitalista.

O caminho em nosso entender é a construção de uma esquerda à altura do nosso tempo, não fixista nem retórica, mas uma esquerda responsável que sabe ver e interpretar o mundo de hoje e que quer construir um futuro melhor”"