OS ESTRANHOS EFEITOS DO CHEIRO DA PALHA



A mais de dois anos das próximas eleições autárquicas assistimos a tanta movimentações partidárias em torno das candidaturas que até se fica com a impressão de que em VRSA o tema são as autárquicas em vez das europeias. Depois de mais de uma década de jejum a perceção da queda da São Cabrita numas próximas eleições autárquicas levou a que nos partidos todos se movimentem numa espécie de primárias.

Os lugares de presidente, de vice-presidente ou de vereadores executivos proporcionam bons rendimentos, para além de poderem servir de trampolim para carreiras políticas ao nível regional ou mesmo nacional, já que o sucesso eleitoral pode ajudar a chegar a um lugar numa direção regional ou mesmo na escolha para candidato a deputado.

Não admira que já se assistam a tantas movimentações, já se ouve o ruído dos motores com as máquinas partidárias a movimentarem-se para conseguir o melhor lugar na grelha de partida. É no “silêncio” dos corredores partidários, nos gabinetes das traseiras de alguns empresários ou até mesmo nas sacristias que se decide muito do futuro do concelho. É óbvio que não se escolhe quem ganha, mas escolhem-se aqueles em que so vila-realenses podem votar.

Infelizmente não se ouve apenas o roncar das máquinas partidárias, algumas a provocar demasiados rateres ou mesmo a dar sinais de estarem gripadas, também se ouvem os tiros das execuções e até mesmo o silvo das facadas. Se nas eleições há regras para a campanha eleitoral, nestes jogos de bastidores em que se digladiam os candidatos a candidatos impera o jogo sujo. Agora não há lei eleitoral nem sequer valores éticos, isso são guinchos reservados para protestar contra um qualquer graffiti idiota.

Agora é uma espécie de noite interminável das facas longas, uma noite onde se eliminam aqueles que nos poderão fazer sombra. Agora é a hora dos candidatos a candidatos ilustres, gente fina que não suja as mãos em tarefas de oposição, aparecerem nas cerimónias oficiais ou de escolherem os lugares de destaque em almoços oficiais de ocasião.

Resta-nos esperar que as máquinas partidárias consigam fazer coincidir aqueles que se revelarem os mais capazes nestes jogos sujos com os mais competentes, honestos e dedicados ao município. Enfim, há quem defenda que Deus escreve certo por linhas tortas, com sorte pode ser que os mais aptos para estes golpes também sejam os mais aptos a representarem-nos no Município.

Tenhamos esperança de que assim seja pois ao longo de mais de uma década os resultados não foram muito brilhantes, esperemos que aqueles que foram menos capazes ã fazer oposição nos surpreendam agora que lhes cheira a palha. Talvez o cheio da palha faça milagres.