HOJE É DIA DO PESCADOR


Deus nos proteja destes autarcas...
Tão incompetentes que deixaram apodrecer a última canoa de Monte Gordo
como elemento de decoração de uma rotunda.

O destino por vezes é irónico, enquanto o mano da presidente da autarquia irá jantar no Hotel dos Navegadores com os seus companheiros de confraria, em mais um jantar mensal, do outro lado da vila de Monte Gordo, junto ao mar, os pescadores foram esquecidos pela presidente da autarquia. De um lado um bancário que se reformou precocemente e que de pesca só conhece os talheres de peixe, vestem os seus trajes e arma-se em homem do atum num tempo é que os únicos atuns que passam na nossa costa já o fazem enlatados.

A vida tem destas coisas, os que nunca souberam o que é ir ao mar, que nunca se agarraram a uma retenida encharcada em água fria, armam-se em grandes mestres do atum enlatado, colocam a boina que dantes eram sinal de que deviam mudar de passeio e empaturram-se até à obesidade mórbida em restaurantes de luxo. Aqueles que todos os dia têm de ir ao mar para sobreviver, terão de sentir-se esquecidos pelo mano do confrade no Dia do Pescador.

O Dia do Pescador é celebrado um pouco por todo o lado, de Tavira a Portimão, até em São Brás de Alportel há celebrações. Mas em Vila Real de Santo António, onde há quem ande a subir na escala social usando boinas, uma terra onde a pesca foi durante décadas a fonte de riqueza e no concelho onde subsiste uma das mais típicas comunidades piscatórias do país, o dia é miseravelmente ignorado.

Esta estranha coincidência mostra como os que estão no poder em VRSA se comportam, o dinheiro para as festas dos pescadores já acabou em nome da sobrevivência da presidente da autarquia. Mas sobram os recursos para celebrar o atum, não porque representem ou descendam de quem trabalhou na faina da pesca, mas porque é fino criar falsas elites sociais à custa daqueles que era socialmente excluídos.

Esqueceram-se do Dia do Pescador, se fosse o dia do pensionista precoce, do autarca incompetente e irresponsável, do hoteleiro ou de qualquer coisa fina, certamente ter-se-iam lembrado.

Talvez seja um bom dia para que os pescadores do concelho, sejam os do Rio Guadiana, de Monte Gordo ou de Cacela meditem sobre o que “devem” aos que estão à frente da autarquia. O que lhes deu em mais de uma dúzia de anos gente como o Luís Gomes ou a São Cabrita?