Com o aparecimento do Largo da Forca, as águas paradas
e fétidas do pântano em que se havia transformado a vida política de Vila Real
de Santo António agitaram-se. A oposição ganhou alento e as pessoas perceberam
que a sua voz poderia ser ouvida. Aos poucos, apesar das ameaças abjetas e das
tentativas vãs de condicionar os que com coragem se atrevem a manifestar o seu
pensamento, cada vez mais um maior número de cidadãos se exprime fazendo ouvir
as suas razões. Não é por acaso que o Largo da Forca recebe tantas queixas de
pessoas que antes se calavam, falando das arbitrariedades de que são vítimas
por desadequada aplicação das normas que deviam atingir todos por igual ou por
falta de critérios claros e justos ou pelo mau funcionamento generalizado da
frágil estrutura camarária, aparentemente por desorganização e incapacidade de
fazer melhor por falta de recursos financeiros desbaratados antecipada e
irresponsavelmente.
Sem falsas modéstias, pela frequência e pelo tipo de
queixas que até nós chegam, a população encara o Largo da Forca como se fosse
um Provedor a quem recorre na esperança de lhes ser feita justiça e de ser
corrigido o que está mal.
De facto, até parece que o Largo da Forca de alguma
forma veio abrir a Caixa de Pandora da qual saíram os males escondidos de que
enfermava este pobre município arruinado pela ação de algumas pessoas que a
todo o custo tentam manter-se no poder. Sendo provável que o fazem para
desesperadamente tentarem adiar a inevitável responsabilização pelo triste
destino imposto ao nosso concelho. Quando falamos de males escondidos,
referimo-nos à dívida escandalosa que hipoteca o nosso futuro e o dos nossos
filhos, referimo-nos às ilegalidades cometidas por não se respeitarem as regras
da contratação pública como diz o FAM no seu relatório, referimo-nos às opções
despesistas e eleitoralistas num contexto financeiro grave que mais agravaram a
situação, referimo-nos às taxas e impostos aplicados pela tabela máxima,
referimo-nos à arrogância e desprezo com que a oposição é tratada, referimo-nos
à sonsice de alguns, referimo-nos às ameaças veladas e às explicitas.
A caixa de Pandora foi aberta dando a conhecer à
população os males de que o Município padece, no entanto, tal como no mito
original, resta a esperança que ficou retida no interior da caixa para com ela
arranjarmos alento para iniciar a inversão do mau caminho a que fomos levados.
Os responsáveis por toda esta situação, com a sua ação
desesperada tentam a todo o transe impedir que isso aconteça. Pretendem evitar
que a esperança saia da caixa e que chegue ao alcance de quem tem o poder de os
responsabilizar.
Eles têm essa pretensa esperança!
No entanto, a verdadeira esperança é nossa, não é
deles!
Por muito que tentem!