O MÊS ALUCINANTE



Às vezes temos a impressão de que os últimos treze anos foi uma longa feira e neste mês temos assistido ao desmontar da festa.  Durante mais de uma década o concelho foi uma ilha de felicidade, tinha uma equipa autárquica maravilhosa, um presidente de câmara com dimensão nacional e internacional. Eram protocolos com associações empresariais, os aviões faziam filas de espera no aeroporto de Havana cheios de doentes portuguesas em busca das maravilhas da saúde cubana, anúncios de investimentos e mais investimentos  que nunca se concretizaram.

De um dia para o outro tudo se desmorona, afinal o concelho mais feliz do país, o mais limpo, o mais amigo da família o mais tudo, estava falido. A loucura era tanta que mesmo não cumprindo o acordado com o FAM no PAM, o memorando com a troika portuguesa, os nossos autarcas fizeram uma imensa festa eleitoral e nem se esqueceram de baixar o IMI, não hesitando em afundar ainda mais o concelho.

Até ao início do verão a festa continuou, a autarquia já estaria na posse do relatório do FAM, já tinha pedido a este fundo o alargamento do PM de 20 para 30 anos, mas em público não se viam nuvens no horizonte, a festa continuava e se alguma coisa corria mal era culpa das empresas de construção que deixavam Monte Gordo de pantanas. O lixo acumulava-se nas ruas e as baratas invadiam o concelho, mas estava tudo bem, apareciam fotos a provar que não havia lixo, era a oposição que o inventava ou que estimulava os turistas a serem porcos.

Até que chegou setembro, o irmão da presidente queixava-se de uma “herança envenenada”, de repente a realidade era outra. Acabou a festa, começou a desmontar-se a feira, afinal o concelho tinha problemas e no último mês desmontou-se a imensa barraca da festa de mais de uma década. A autarquia está sem dinheiro e sem o financiamento do FAM pode entrar em situação de insolvência, situação em que já estaria se não fosse a paciência dos credores.

Cortam-se nos transportes, acabam-se as horas extraordinárias e as ajudas de custos, eliminam-se apoios a associativismo, aumenta-se o IMI para a taxa máxima, mandam-se cartas aos residentes em bairros sociais propondo a venda. Fala-se do encerramento das piscinas e da Casa do Avô, nada se sabe sobre o negócio da venda das águas que tanto trabalho deu à autarquia, o Hotel Guadiana parece estar “empechado”. Depois de tantas “caganas” pouco resta, um bar inaugurado com pompa na foz do rio, um bar nos Três Pauzinhos sem acesso a esgotos, telecomunicações, eletricidade e água, um passadiço em Monte Gordo e uma imensa dívida.