A RUA TÓFILO BRAGA PRECISA DA NOSSA AJUDA




Os que hoje têm umas quantas primaveras a mais recordam-se do funcionário da CM todos os dias aspirava a “Avenida”, íamos a caminho das escolas primárias e todos os dias lá andava o homem com o aspirador para trás e para a frente, já que para limpar a rua na totalidade eram necessárias dar várias voltas e além de aspirar ainda ia raspando as pastilhas elásticas coladas aos mosaicos. Os donos de cafés como o Firmo, a Pastelaria Ideal, o Café piquenique ou o Café Portugal, tinham orgulho em manter asseadas as suas esplanadas ou a zona em frente das entradas. Quem em Vila Real de Santo António não sentia orgulho na sua emblemática avenida?

Muito provavelmente seria uma das ruas mais limpas do país, com todos os seus mosaicos impecavelmente limpos e inteiros, as grades do esgoto de águas pluviais em ferro fundido absolutamente imaculados. Nos anos 70 começaram a surgir sinais de falta de limpeza e quando nos tempos agitados de 1974 alguém se lembrou de promover o Dia do Trabalho para a Nação, a 6 de outubro daquele ano, houve logo quem sugerisse que aqueles que não tinham emprego, estudantes, desempregados ou donas de casa, poderiam dar o seu contributo ajudando a limpar a Avenida. Houve uma forte adesão dos vila-realenses e foi uma festa.

Acabaram-se as revoluções e com elas a limpeza da Avenida, uma pastilha elástica aqui, um mosaico rachado ali, uma grande de ferro quebrada acolá, aos poucos a Avenida começou a dar sinais de degradação e de falta de higiene. Ao desmazelo e sujidade juntou-se a degradação arquitetónica e o gosto das lojas tendia, não raras vezes, para-a o piroso, como ainda hoje com algumas casas de comércio que parecem adotar os padrões do “centro comercial do Apeadeiro”.

Os mosaicos deixaram de ser reparados, as grades são um perigo para os transeuntes, as pastilhas elásticas multiplicam-se. Como se tudo isto não bastasse alguns comerciantes esquecem-se das suas responsabilidades ou falta-lhes o brio e a higiene e permitem que o consumo do que vendem transformem a zona em frente dos seus estabelecimentos num autêntico chiqueiro, com manchas negras de sujidade que quase colam a sola dos sapatos aos mosaicos.

Mas nada disto parece incomodar ou preocupar a autarquia, em vez disso dedica-se a passeatas na EN125 pensando que assim dão uma ajuda aos políticos distritais ou nacionais que os patrocinam e os ajudam a sobreviver nas intempéries financeiras em que o município está metido. Já se percebeu que a Presidente da Câmara está mais preocupada com manifs na EN125 ou em promover “dias de trabalho para a nação” em Monte Gordo, para manter os eleitores da vila ou para ajudar as contas da Ecoambiente.

Talvez por isso e para acorrer à degradação da Rua Teófilo Braga, como tem sucedido, por exemplo, com o jardim da marginal, faça sentido os cidadãos de Vila Real de Santo António juntarem-se numa iniciativa cívica em defesa da recuperação do nosso ex-libris.