UM DIÁLOGO INTERESSANTE


Na sequência de uma reposta do João Viegas a um comentário de Pereira de Campos no seu Facebook e de uma posição de Fernando Flores aos comentários posteriores do segundo, gerou-se um debate interessante que deveria ser retomado e levado mais a sério, já que o poder local passou do discurso da bazófia ao das alarvidades, em nada contribuindo para resolver ou encontrar soluções para o concelho.

Tudo começa com a colocação de uma imagem de VRSA por Pereira de Campo a que João Viegas comenta dizendo que a beleza da cidade era “mais uma razão de peso para não cair na decadência”. Pereira de Campos responde preocupado com a perda de centralidade. Fernando Flores entra na conversa argumentando que “normalmente onde não há indústria transformadora não há progresso”. Pereira de Campos chama a atenção para a importância do comércio e a partir daí surge um debate antigo entre o que se entende por riqueza, daí evoluindo para a questão salarial.

Todos os problemas do concelho e em especial da sua sede, já que uma parte do concelho ainda tem pesca e outra ainda tem agricultura. A questão da centralidade e do dinamismo de um concelho que está em decadência e perde cada vez mais importância, o problema da decadência da indústria transformadora local e a importância da prestação de serviços no desenvolvimento do concelho.

Poder-se-ia dizer que em casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão. A centralidade está a perder-se e os motivos que no passado foram os polos de desenvolvimento que favoreceriam VRSA em relação aos concelhos vizinhos entraram em decadência e com eles todo o concelho. A indústria transformadora que cresceu na base da miséria e que distribuiu riqueza mais por via do matriz intersetorial que criou a montante e a jusante das fábricas de conserva de peixe do que pelos empregos que criava. O comércio que veio a dinamizar a economia mas que não alterou significativamente o perfil salarial local.

O resultado está à vista, um concelho empobrecido que tem dificuldades em superar um processo de decadência, um poder autárquico que em vez de contraria esta tendência entrou numa deriva de loucura financeira e de ambições pessoais e familiares conduzindo as contas da autarquia à falência, uma economia local penalizada por desvantagens competitiva e asfixiada por taxas e tachinhas.

É preciso e urgente repensar Vila Real de Santo António e para isso é urgente criar um quadro institucional dominado pela ambição coletiva, pela competência e responsabilidade. Se nada mudar serão pelo menos mais três anos de decadência acelerada e de ruína, é preciso restituir dignidade e importância ao concelho, algo que é impossível com os atuais dirigentes autárquicos.