Os executivos camarários são equipas e nesse sentido nenhum
vereador, senão mesmo os deputados municipais que apoiaram as maiorias do executivo são corresponsáveis pelas
políticas, senão mesmo por muitos atos de gestão, quer por via das decisões coletivas,
quer pelo exercício das competências delegadas. Mas no caso de Vila Real de
Santo António tivemos uma equipa camarária em que muitas vezes parecia estarmos
a assistir ao espetáculo de um “one-man show”.
Desde as homenagens às cantarolices, passando por dezenas de
viagens e de participações nos mais diversos fóruns, ao longo dos anos a
autarquia foi o trampolim para um jovem ambicioso que parece ter sonhado ir
mais longe. Foi atrás deles que outros fizeram carreira, muitas vezes ficando
na sombra por muitos anos. Agora que a desgraça se começa a destapar o jovem
ambicioso declarou no Facebook que há momento em que o melhor é o silêncio e
calou-se.
Só que há silêncios inaceitáveis, não apenas porque é um
político que teve e assumiu responsabilidades, mas também porque continua a ser
o líder local do PSD. Não se pode ser político e invocar o estatuto de autarca
experiente para ser assessor bem pago em Faro e em Vila Real, onde se é líder
político declarar silêncio como se nada tivesse que ver com o assunto. Pode
fazê-lo, mas esse silêncio não deixa de ser o ruído que a falta de lealdade e o
medo costumam provocar.
A última vez que o PSD de VRSA “abriu o pio” foi para
divulgar um comunicado a propósito da proposta do PS de ser feita uma auditoria
de gestão ao passivo da autarquia. Foi em 29 de junho e até essa data o
Facebook daquele partido ainda ia dando conta das “grandes obras”. Mas a partir
do momento em que as coisas se complicaram fez-se um silêncio e nada tem
merecido um único post, desde o malfadado relatório do FAM ao aumento do IMI
ainda ontem decidido. Isto é, a única vez que o PSD VRSA veio a terreno foi para proteger-se no passado, ou seja, para proteger o responsável no passado!
Isto significa que não só o Luís Gomes optou pelo silêncio
deixando a sua sucessora a dar a cara pelo passado de que eles foi o
responsável, como dá mostras de uma falta de lealdade impressionante, sendo incapaz de aparecer em defesa do que fez ou a apoiar a sucessora na tentativa
desesperada de tapar o buraco de que ele foi o grande responsável.
Um dia destes talvez algum realizador da autarquia, quem
sabe se não haverá ainda dinheiro para contratar a Tempestades Cerebrais, para
se realizar um filme dedicado ao momento que atravessamos, poderia ter como título
“O silêncio do responsável”.