A LÓGICA DOS VICE-REIS DO REINO DOS ALGARVES

Há quem designe por caciques certos políticos que fazem da influência local uma forma de sobrevivência política. Quando estão no poder procuram pastas com influência nos destinos locais, para ganharem likes na sua região e poderem usá-la como tropa de choque em seu favor. Dadas as conotações porventura negativas do temo “cacique”, ainda que por vezes se revele adequado, optamos por designar esse tipo de políticos como “vice-reis”, porque é assim que se julgam na região que tratam como se fosse um reino privativo, uma espécie de Congo do Rei Leopoldo.

O PS é um partido muito dado a este tipo de político, mas não é o único pois no PSD também temos o Alberto João, como no passado tivemos um Mota Amaral. Até no CDS temos personagens do género, há um conhecido fiscalista do VCDS que quando o seu partido está no poder é uma espécie de vice-rei da área fiscal e tudo o que aí se decide passa previamente pelo seu crivo. Quem não se lembra do Narciso Miranda que era uma espécie de dono de Matosinhos, recordamo-nos de quando Guterres ganhou as legislativas logo foi para secretário de estado da Administração Marítima e Portuária.

Há vários destes casos no país e agora temos um artista do género no Algarve, só que o nosso é pior do que o de Matosinhos, aquele era desenhador de máquinas de profissão mas durante muitos anos foi um autarca vencedor, em contrapartida, o nosso ganhou umas eleições para mostrar o que valia e foi um dos raros autarcas portugueses que os eleitores dispensaram de um segundo mandato-o.

Esta gente nunca vai longe, mas se consultarmos o seu currículo está cheio de cargos políticos, como alguns foram inventados pelas jotas, são políticos bem-sucedidos desde a idade dos “pioneiros”. Se formos às suas páginas nas redes sociais é só cerimónias regionais ou decisões governamentais que favorecem uma região para que os indígenas locais saibam a quem devem agradecer.

Não festa nem festarola onde estes “vice-reis” não apareçam e se for uma inauguração com a presença do ministro ou do primeiro-ministro é certo e sabido que ele lá vem logo atrás, para que os indígenas não tenham dúvidas de que devem tão ilustres presenças e favores ao vice-rei.

O problema é que o Algarve apesar de durante muitos séculos ter sido um reino à parte, não precisa de vice-reis. Da mesma forma que também não tem nada que agradecer nem aos vice-reis, nem aos ministros e primeiro-ministro que eles tanto bajulam. Veja-se o caso de VRSA, o que deve ao nosso vice-rei, a reparação de um cais com dinheiros da EU? Móoo vais mas é apanhar gambozinos para outro lado!

A verdade é que desde o Vitorino ao Cristóvão ou do Mendes Bota ao Apolinário, o Algarve pouco ou nada deve a estas personagens que ao longo dos anos andaram armados em grandes defensores da região, servindo-se dos seus votos para garantirem carreiras políticas, que na maior parte dos casos não passaram de medíocres.